Eu acordei num beco escuro,
tomada por uma camada molhada de alguma coisa que não pude distinguir.
Eu sentia passos se afastando de mim e ouvia risadas maliciosas que pareciam satisfeitas com meu corpo nú jogado no asfalto imundo da cidade.
Eu sentia cheiro de terror.
Eu sentia dor no corpo e na alma.
Respirava com certa dificuldade e meu rosto parecia inchado e também molhado,
de sangue talvez.
A principio não conseguia me mover,
chorava por ainda estar confusa e sozinha em meio aos ratos que estavam prontos pra devorar meu corpo.
Mas logo consegui deslizar as mãos pela minha genitália e pude lembrar desesperadamente dos fatos.
Alguém se aproximava e o medo me torturava ainda mais, podia ser ele voltando para me exterminar. Melhor seria se ele fizesse, já que violou todos meus sentidos e despedaçou minha alma com seu desejo sujo e descontrolado.
Mas era alguém gritando socorro, clamando por minha vida que se esvaía pelos bueiros.
Eu apaguei.
Fui estuprada.
Perdi meu sossego, minha inocência. E o causador dessa minha destruição anda por aí, fazendo mais vitimas.
Que sá elas tenham a sorte de fugir, ou serem salvas.
Ou ainda que alguém o faça parar.
Sorte essa que eu não tive.
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