Corpos espalhados pelas ruas das cidades. Corpos vivos, mortos e mortos-vivos, vagam ouvindo em bom tom, o silêncio da nossa omissão. Ameaçados por toda uma sociedade que os trata como a merda que gera e se livra com o apertar da descarga.
Crianças crescem educadas entre pedras de crack, impregnadas com o cheiro da prostituição que fede a urina e porra.
Enquanto os engravatados pedem seus votos fazendo juras de amor ao povo, essa epidemia fatal que domina cada vez mais as metrópoles e invade também as pequenas cidades, continua fazendo de pessoas, restos de nada, corpos vazios, lixo humano a espera da morte.
Os pobres apanham por roubar comida pra sobreviver, os governantes corruptos são absolvidos mesmo depois de roubar as chances de melhoria de vida da população pra se fartarem de luxos como cestos de lixo que valem mais do que o salário mínimo.
Somos obrigados a conviver com a pior corja, somos obrigados a escolher entre eles o que vai nos representar, e ainda assim com tanta injustiça explicita, insistimos em nos cegar, e nos contentamos em reclamar de braços cruzados. Passando por cima dos corpos caídos, ignorando vidas que consideramos perdidas. Lavando o asfalto esburacado com o sangue da força que segura e sustenta o país.
E depois de fechar os olhos pro feio, pro nojento, pro terror, sobrevivemos com o nosso pouco a espera de um país melhor, que se depender de nós, parados e silenciados pelas migalhas que recebemos, nunca existirá... E vamos conviver com o caos assim como os ratos convivem com o lixo.
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